Vives com hérnia discal? Há muito que podes fazer.
- Rui Terrinha

- há 3 dias
- 4 min de leitura

Há dores que falam. A das costas é uma das mais insistentes. Quando uma hérnia discal aparece, a vida parece encolher. O corpo fica em alerta, o sono piora, os movimentos mais simples tornam-se desafios e até o humor muda. A dor física é real, mas há sempre algo por baixo dela: tensão acumulada, stress, fadiga emocional, falta de cuidado diário. O corpo grita o que a mente tenta ignorar.
Trabalho com pessoas que vivem com dores há anos e percebo que quase todas partilham uma descoberta parecida. Quando começam a cuidar de si de forma mais completa, algo muda. A dor continua a existir, mas deixa de mandar nelas. Recuperam espaço para viver.
O poder de uma abordagem manual e emocional
O corpo é um sistema inteligente. Se é tratado apenas como uma máquina com peças desgastadas, o resultado é limitado. As abordagens manuais e emocionais não são milagres, mas ensinam o corpo a encontrar o seu próprio equilíbrio. Um toque certo, uma respiração profunda, um momento de pausa consciente, podem libertar tensões que comprimem o disco e acalmam o sistema nervoso.
O benefício vai muito além da dor. A pessoa dorme melhor, volta a sentir energia, respira com mais liberdade. É como se o corpo voltasse a confiar. Essa mudança, que começa com o toque, ganha força com aquilo que cada um faz fora da sessão.
Como aliviar a hérnia discal com pequenas mudanças em casa
Tratar a hérnia não é só receber terapia. O que acontece entre as sessões é decisivo. Pequenas mudanças diárias reduzem a inflamação, aliviam a pressão na coluna e fazem com que o corpo se reorganize. Aqui estão hábitos simples que têm grande impacto:
1. Movimento leve todos os dias
Mesmo com dor, o corpo precisa mexer-se. Caminhar alguns minutos, alongar suavemente ou fazer exercícios de respiração ajuda a manter o fluxo de sangue e nutrição nos discos. Quanto mais parado se fica, mais o corpo endurece e mais lenta é a recuperação.
2. Boa postura, sempre que possível
Ao sentar-te, mantém os pés apoiados e as costas direitas. Se trabalhas ao computador, ajusta a altura do ecrã para não dobrares o pescoço. Dormir de lado com um travesseiro entre as pernas ou de costas com os joelhos dobrados ajuda muito a aliviar a lombar.
3. Alimentação anti-inflamatória
A comida é uma aliada poderosa. Frutas vermelhas, peixes gordos, azeite, sementes, vegetais verdes escuros e frutos secos são combustíveis de regeneração. Açúcares e processados fazem o contrário: inflamam e atrasam o processo.
4. Hidratação constante
Os discos da coluna são como esponjas. Precisam de água para manter a elasticidade. Um corpo desidratado sente mais rigidez e dor.
5. Pausas conscientes
De hora a hora, levanta-te. Caminha, mexe os ombros, inspira fundo. Pequenos gestos evitam que a coluna entre em colapso. Trabalhar sentado sem pausas é uma das maiores causas de dor lombar hoje em dia.
6. Sono e descanso real
Dormir é um dos melhores tratamentos. É durante o sono que o corpo se repara. Evita ecrãs antes de deitar e tenta criar um ritual de desaceleração: luz suave, respiração lenta, um pouco de silêncio.
7. Gestão emocional
A dor física e o stress estão ligados. Quando há medo, ansiedade ou frustração, o corpo contrai-se e a dor intensifica-se. Exercícios simples de respiração e momentos de introspecção ajudam a quebrar esse ciclo. A resposta não vem apenas da mente. É o corpo inteiro que reage. Quando o sistema nervoso acalma, os músculos relaxam e a dor começa a ceder.
O que acontece quando o corpo começa a confiar
Depois de algum tempo a combinar terapia e autocuidado, há um ponto em que a pessoa percebe que já não vive refém da dor. O corpo deixa de ser o inimigo. Volta a haver espaço para o prazer, para a liberdade de movimento, para a confiança.
A dor ensina presença. Ensina limites. Mostra onde há desequilíbrio e onde precisamos mudar de ritmo. Quando a ouvimos com atenção, ela transforma-se num guia, não num castigo.
O que mais me impressiona é ver pessoas que antes viviam em tensão voltarem a sorrir naturalmente, a respirar fundo sem medo de sentir o corpo, a perceber que podem viver bem mesmo depois de uma hérnia. Não porque “curaram” o problema, mas porque aprenderam a cuidar de si com consciência.
Tratar o corpo é também educar a mente
Cuidar da dor exige paciência. Muitas vezes não há um único fator, mas uma teia de hábitos, emoções e posturas. A terapia ajuda a desenredar essa teia. As mãos tocam, mas é a mente que reaprende a confiar. É preciso consistência, não perfeição.
Ao longo das sessões, há algo que se repete: quem assume responsabilidade pela própria recuperação melhora mais depressa. É a diferença entre esperar resultados e participar neles. Por isso, sempre que uma pessoa sai do consultório, incentivo-a a levar consigo um compromisso: mexer-se, cuidar da respiração, observar o corpo, e não desistir nos dias em que a dor volta a aparecer.
O corpo tem memória, mas também tem esperança
Mesmo que o diagnóstico pareça limitador, a experiência mostra que há sempre margem para melhorar. O corpo não é uma máquina com peças gastas, é um sistema vivo em constante adaptação. Quando lhe damos as condições certas — presença, movimento, descanso e um pouco de ajuda manual — ele encontra caminhos novos.
A hérnia deixa de ser o centro da história. Passa a ser apenas um episódio que ensina algo sobre equilíbrio. É esse o verdadeiro benefício de um tratamento consciente: não apenas aliviar a dor, mas transformar a relação com o próprio corpo.
Um convite para quem vive com dor
Se vives com uma hérnia discal, não acredites que estás condenado a sentir dor para sempre. O que muda o jogo não é um tratamento milagroso, mas a combinação de apoio profissional com as tuas próprias escolhas. Pequenas mudanças constroem resultados grandes. A constância vence a crise.
Se quiseres apoiar o teu corpo de forma ainda mais completa, recorda-te da hidratação e da alimentação. Certos alimentos ajudam a reduzir a inflamação e a dor no dia a dia. A CUF preparou uma lista simples com 7 alimentos anti-inflamatórios que fortalecem o organismo e que podes começar a incluir já nas tuas refeições.
E se quiseres compreender melhor como o toque terapêutico pode ajudar o corpo a aliviar tensões e restaurar o equilíbrio, visita a página das terapias manuais onde explico como estas abordagens trabalham com o corpo de forma segura e consciente.





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